A Tarde - Caderno 2, p. 3, 31/July/2002, Salvador, Bahia.


Arte futurista

Iza Calbo

O brasileiro Eduardo Kac, pioneiro na arte feita a partir de manipulação genética, vai falar sobre a técnica em Salvador.
De 11 de agosto a 13 de outubro, o brasileiro Eduardo Kac, radicado nos Estados Unidos desde 1980, participa do evento Emoção Art.ficial, na sede paulista do Itaú Cultural. Trata-se do maior evento de criação de alta tecnologia realizado no País. Antes, na próxima sexta-feira, ele profere palestra em Salvador, com entrada franqueada ao público, no Museu de Arte Moderna da Bahia (Avenida Contorno), às 14 horas.
Pioneiro na arte feita a partir de manipulação genética, Kac vem investigando, desde 1997, os desdobramentos psicossociais da revolução biotecnológica, que se acirrou há dois anos com o nascimento da coelha Alba, idealizada por ele. Alba é resultado do trabalho GFP Bunny, iniciado pelo artista em 1999 e que consiste em pôr de lado pincéis e tintas, substituindo estes por sofisticadas ferramentas da biologia molecular.
Albina e transgênica, a coelha apresenta uma proteína artificial (EGFP ou Enchanced Green Fluorescent Protein) capaz de torná-la verde-fluorescente quando exposta a um tipo de iluminação. Projetada em um laboratório francês, continua por lá e não com Kac em Chicago, como havia sido prometido ao artista. Por conta disso, ele iniciou o movimento Free Alba! (Libertem Alba), espalhado pelo mundo todo e sobre o qual falará a respeito, centrando o foco, é claro, na excentricidade de sua arte, autodenominada transgênica.
Para quem pensava já ter visto tudo em termos de criação artística, Kac, trazido ao Brasil pela Scatar Foundation – fundação norte-americana sem fins lucrativos que patrocina a vinda de artistas brasileiros e internacionais para a sua sede, na Ilha de Itaparica –, cria polêmica em torno de clonagem soar como coisa banal. Aos 40 anos, o diretor do Departamento de Arte e Tecnologia do Instituto de Arte de Chicago, tido como uma das principais escolas artísticas do mundo, também acha que o holograma, por exemplo, é uma coisa do passado remoto.
Kac ou 026109532 – número gravado em um microchip implantado, por ele mesmo, no próprio tornozelo esquerdo – promete “arrepiar” a platéia dos incrédulos com um trabalho de repercussão mundial. Para ir familiarizando-se com essa arte futurista, vale um passeio pelo site ekac.org. No mais, é ver para crer.

QUANDO: SEXTA–FEIRA, ÀS 14 HORAS
ONDE: MUSEU DE ARTE MODERNA (SOLAR DO UNHÃO, AV. CONTORNO)
INGRESSO: ENTRADA FRANCA


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